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O Racionalismo Cristão, por ser uma filosofia espiritualista, divulga princípios universais para que sejam estudados e, após a necessária reflexão, colocados em prática, tornando os seres humanos espiritualmente independentes.
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VULTOS QUE DEIXARAM BELAS OBRAS E MUITAS SAUDADES

Desencarnou a 23 de Novembro de 1925, às 22 horas, Maria Thomazia Machado Antas, que na intimidade apertas assinava Maria Thomazia.

Nasceu em Portugal, na cidade de Bragança, Província de Trás-os-Montes, em 12 de Outubro de 1861.

Companheira inseparável de Luiz de Mattos, na Doutrina foi um dos médiuns desenvolvidos no Racionalismo Cristão.

Apesar de ter sido educada em Portugal, em colégio de religiosas e ter o espírito repleto de santidades, estando mesmo quase a professar para freira, não lhe foi difícil desvencilhar-se do condicionamento místico         católico e estudar a Verdadeira Doutrina de Cristo e a ela entregando-se de corpo e alma.

Foi à única médium que entrou para a Doutrina muito moça e nela desencarnou, com 64 anos de idade, cumprindo o seu dever.
A sua maior alegria era ver e saber satisfeitos todos que consigo conviviam. A sua boca não se abria para falar dos seus semelhantes, que não fossem para defendê-los, aconselhá-los e a pedir-lhes, quando companheiros da Doutrina, que fossem todos muito amigos de Luiz de Mattos.

No Centro Redentor do Rio, se faltou a alguma Sessão, foi tão somente porque viajava para Santos.

Atuando como médium, no Centro Redentor Filial de Santos ou no Centro Redentor do Rio de Janeiro, foi ela sempre um instrumento disciplinado como jamais teve a Doutrina.

Tudo que dissesse respeito à Doutrina, tinha para ela uma especial atenção.

Desde que Maria Thomazia conheceu a Vida Fora da Matéria, não mais se prendeu aos dogmas, às santidades, aos ídolos e sim, à medida que o tempo passava, ela queria mais conhecer a Doutrina, para poder ensiná-la.

Foi também uma professora adorável. Sabia português como poucas pessoas, e tais eram os seus conhecimentos, que lhe foi conferido valioso prêmio pelo Gabinete Português de Leitura.

Em pintura e confecção de flores era primorosa. Ver uma flor artificial feita pelas suas mãos de artesã, era confundi-las com as flores naturais da natureza, cujo mestre artífice é o Grande Foco, espargindo por toda a parte a vida criadora.

Maria Thomazia foi sempre muito laboriosa, descansando o físico apenas para desencarnar.

Na sua desencarnação ocorreu um fato interessante.

No dia 18 de Novembro de 1925, começou a sentir-se fraca, o corpo a locomover-se com dificuldade. Consultando o Guia Médico do Centro Redentor do Rio, Oliveira Botelho, mandou-a repousar por oito dias.

Em 23 de Novembro de 1925, quando apenas já haviam decorridos, quatro dias, desencarnava ela de espírito tranqüilo, para religar-se às Forças Superiores.

Foi sepultada, no Cemitério de São Francisco Xavier, no Rio de Janeiro.

A Maria Thomazia deixou como herança uma propriedade no valor de quatro mil contos de réis, ao casal Maria Julia e Antonio do Nascimento Cottas.

O casal transferiu essa propriedade para o Centro Redentor do Rio, pois, na ocasião possuíam uma sólida situação financeira.

Apesar de ter alcançado zona bem elevada, quis ela continuar entre nós, para como companheira amiga, nos despertar quando entregues ao ostracismo ou marasmo. Imitá-la pois, nas suas virtudes é um dever de todos que a conheceram, mui particularmente os médiuns.

Para eles, ela deve servir de modelo na observância, na dedicação à Doutrina. Sofreu as intempéries da vida como sofre toda criatura que deseja cumprir o seu dever. Mas, em lealdade, honradez e desprendimento, ainda não nos foi possível registrar outra igual.

Não tecemos elogios aos instrumentos das Forças Superiores, porém é um dever que nos assiste, relatar o valor e desprendimentos daqueles que se esforçam para bem poder cumprir o seu dever. Desencarnou pois, Maria Thomazia após 64 anos de estadia na Terra.

Dos seus esforços e sofrimentos na luta, resultou não só a ascensão que fez a Mundo Superior, assim como o de passar a substituir no Filiado de Santos, o presidente Astral Frei Francisco de Mont'Alverne.

Foi portanto, durante alguns anos Presidente Astral deste Filiado até a desencarnação de Luiz Alves Thomaz quando foi substituiria por ele.

Frequentemente ela tem se apresentado nas Sessões Públicas do Centro Redentor de Santos, dando as Doutrinações magistrais.


Foi em 1926, em 15 de janeiro, como já colocado com detalhes anteriormente que desencarna o codificador do Racionalismo Cristão, Luiz de Mattos.

Em 08 de dezembro de 1931, é a vez do viabilizador econômico do Racionalismo Cristão, Luis Alves Thomaz.

Em 12 de julho de 1949, desencarna prematuramente Felino Alves de Jesus, autor da obra Racionalista Cristã intitulada Trajetória Evolutiva, este, casado com Maria Luiza Cottas, filha de Antonio  do Nascimento Cottas.

Felino A. de Jesus era Capitão-Aviador das Forças Armadas; de uma viagem de rotina a Fernando de Noronha, voltou febril. Aconselhado a repousar para devido tratamento a fim de se refazer, em função de seu amor pelos estudos, levaram-no mesmo enfermo a fazer uma prova na escola Técnica do Exército.

De volta desta prova, deitou-se e não mais se levantou. Vinte dias depois, apesar dos esforços da medicina, desencarnou vítima fatal de infecção, deixando esposa e duas filhas menores; Sonia Regina e Ângela Tereza.

Roberto Dias Lopes, Vice-Presidente do Racionalismo Cristão e sempre grande colaborador desta nobre causa, em 21 de janeiro de 1967, desencarna aos 60 anos de idade. Ele era natural de Tondela, Portugal, nascido em 11 de março de 1897; próspero comerciante, casado com a Sra. D. Maria José Lopes, que todos adoravam e também falecida em 15 de abril de 1983, aos 81 anos de idade.

Roberto Dias Lopes, foi durante os trinta anos, aproximadamente, em que exerceu a Vice-Presidência do Racionalismo Cristão, uma das figuras mais responsáveis e dignas. O casal deixou na ocasião cinco filhos, dentre eles o engenheiro Nelson Dias Lopes, também colaborador valoroso e prestimoso desta Doutrina Racionalista Cristã.

No dia 4 de Outubro de 1968, desencarnou em Luanda, África Portuguesa, aos 75 anos de idade, a ilustre Senhora D. Maria de Oliveira, fundadora da Casa Racionalista de Luanda e que estava construindo a nova sede do Racionalismo Cristão, naquela cidade.

Deixou o mundo físico cercada de seus entes queridos, pois os seus netos eram o incentivo para a sua vida.

Médium vidente e auditiva, valorosa e desprendida, esquecia-se dela mesma, para cuidar dos que sofriam e careciam de amparo espiritual.

Nasceu no dia 24 de Dezembro de 1890 em Ovar, Portugal, mas soube radicar-se em Luanda onde viveu sendo querida e respeitada por todos que tiveram a ventura de a conhecer.

Soube guiar-se pelos ensinamentos do Mestre Luiz de Mattos, como discípula da Doutrina Racionalista Cristã.

Deixou um livro clássico. “Como cheguei à verdade”, publicado a primeira vez em Luanda. Este livro é uma autobiografia, da sua Luta, da sua vida, cheia de valor e de convicção.

Em 1971 dá-se a desencarnação de Maria Cottas. Esta, considerada uma das maiores figuras femininas da Doutrina racionalista Cristã, nasceu em Santos-SP aos 15 dias do mês de setembro do ano de 1900; desencarnando em 30 de outubro de 1971.

Maria Cottas em toda a sua vida física soube ser não apenas a companheira ideal, a mãe exemplar, também soube ser a esposa compreensiva e tolerante, que reconhecendo a grande responsabilidade que o seu esposo assumira após o desencarne de Luiz de Mattos, resolveu colocar-se ao seu lado, dedicando-se à Doutrina racionalista cristã, como instrumento mediúnico mais jovem naquela época.

Toda a sua vida foi de abnegação, desprendimento e renúncia. Centenas e centenas de doutrinações foram transmitidas por seu intermédio; oradora de excelência, segundo testemunhos, fazia gosto ouvi-la falar.

Autora de quatro livros intitulados Folhas Esparsas, Páginas Soltas, Crônicas D’Agora e Contos Morais, de grande sucesso e reedições constantes.

Na ocasião, Maria Cottas deixava viúvo o Sr. Antonio do Nascimento Cottas, Presidente Perpétuo do racionalismo Cristão e mais cinco filhas. O casal criou mais quatro meninas.

Dois dias após sua desencarnação, ou seja, em 1º de novembro de 1971, Maria Cottas dá uma doutrinação na Casa-Chefe do Rio de Janeiro.

Espírito de Maria Cottas: Sei que este momento é de grande apreensão. Estou aqui falando como espírito, e cumprindo o meu dever. O espírito desencarna, quando o corpo não pode mais continuar a servi-lo.

 No momento em que o coração para, o corpo morre. Morto o corpo físico, o espírito esclarecido se afasta, ascende ao seu mundo e volta em corpo astral, para continuar a dar cumprimento ao seu dever.

Venho falar-vos, falar da minha vida, da minha passagem por este mundo. Julgando-me, sem as limitações da matéria, vejo que cumpri esse dever condignamente, que o cumpri com muito valor, com muita compreensão, abraçando a luta que escolhi ao descer a este mundo.

Lutei muito ao lado de meu marido, amparando-nos um ao outro, para levarmos por diante esta grande obra. Obra esta que, quando começamos, era bastante espinhosa. Mas foi-se lutando, transpondo obstáculos, derrubando barreiras, caminhando sempre para frente, apoiados na coragem e na disposição de lutar, que nunca nos faltou.

Hoje, tendes aí a grandiosa obra, tão útil, tão benfazeja a todos aqueles que a querem estudar e a tomam, como nós a sério.

Deixei a família realizada, para alegria minha. Deixei-a muito bem entregue ao meu marido. Ele que continue sendo sempre o que sempre foi: Pai extremoso, o amigo solícito que sempre tive - mais Pai do que marido.

Fomos realmente muito amigos e compreensivos um para com o outro, porém repito, mais do que esposo, ele foi na minha vida, um desvelado Pai - Pai que todos vós deveis respeitar, continuando a ampará-lo, como o estais fazendo, para que não sofra tanto a minha falta.

Ele é bem compreensivo, sua vontade de servir à Doutrina não conhece limites e é indomável. Cumpre-vos prosseguir sem vacilação ou temores, certos de que estarei sempre, não ao lado do meu querido companheiro, como dos que se mantiverem dedicados a ele e à Doutrina, e de que irradiarei a todos com o mesmo sentimento de amizade que alimentava na vida material.

Aí tendes o exemplo do que a Doutrina é: esclarecedora, mas não milagreira, porque, se milagres fossem possíveis, eu teria continuado a viver, amparada pelos que foram meus Pais materiais e por outros espíritos do Astral Superior, muito amigos, muito queridos.

 Nada me faltou: Todos os recursos foram empregados para que eu continuasse a viver, e não foi por falta de assistência espiritual e material que desencarnei.

Não vos deixeis abater. A dor, por mais intensa que seja, passa, e não fere tanto quando se põe a coragem e o valor acima de tudo. Eu sentia, eu sabia, nestes últimos dias, que estava próxima a desencarnação.

Cheguei a dizer a uma filha que estava indo, como minha mãe fora. Pressentia que assim seria, e lamentava, intimamente, ter de deixar entes queridos. Mas o espírito lúcido, bem assistido, quando deixa o corpo se livra do cativeiro da matéria, sente-se feliz, e feliz estou.

Saudades deixei, e saudades levei e trago comigo, porém o espírito tem força para tudo vencer, e peço-vos que continueis a envolver no calor da vossa amizade o vosso Pai espiritual, porque a Doutrina prossegue sem qualquer interrupção. Ela é o farol cujos raios tudo iluminam, ela abre os olhos daqueles que querem ver a realidade da vida.

Portanto, não vos preocupeis com a minha desencarnação. Ela traduz a própria vida, em ação contínua na rota evolucionária, obediente às leis naturais.

Estarei sempre com todos vós, com todos aqueles que me estimaram, que me quiseram bem, que me fizeram passar momentos agradáveis e felizes. Que sintais a intensidade da minha irradiação amiga, e o meu desejo.

Ao meu marido, ao meu querido e fiel companheiro que tanto respeitei e procurarei amparar nos momentos de grandes preocupações, todo o meu reconhecimento.

Cheguei aos 71 anos, e vivi mais do que meus Pais. Portanto, a minha tarefa ficou cumprida. Tenham coragem, meus amigos, tenham compreensão e valor. Eu continuo cada vez mais ao lado desses amigos fiéis e delicados, e hoje vejo-vos como nunca pude ver-vos com os olhos da matéria, sentindo o calor da lealdade, a estima e o carinho de todos.

Procurai, peço-vos, no dia de hoje, na primeira manifestação que faço, amparar o vosso chefe que foi meu admirável companheiro durante cinqüenta anos de vida tão cheia de beleza, tão repleta de valor, e que as nossas filhas, genros e netos festejaram, há dias, quando completamos as bodas de ouro.

A felicidade excessiva bole com o coração, e fiquei com a sensibilidade abalada, mas o que havia de dar-se, deu-se e isso teria de acontecer, mais hoje, mais amanhã, pois chegara, afinal, o tempo de deixar a matéria.

Fica convosco a minha irradiação de sincera amizade, de estímulo para prosseguirdes na luta, e de coragem e valor, essa coragem e valor que nunca me faltarem, até a momento em que dei o último suspiro. De Maria Júlia de Mattos do Nascimento Cottas.

Em 1974, desencarna Luiz de Souza, com 78 anos de idade.

Deixou-nos obras literárias que são obrigatórias de serem estudadas, pelos simpatizantes bem como os militantes desta doutrina filosófica. O conjunto das três obras ligadas entre si pelo tema comum Racionalismo Cristão compreende o livro Espiritualismo, de 1960, no qual o Autor adotava o pseudônimo Valério Sintra, o que era usual na época.

O Editor, ao publicar a 4ª edição desse livro, em 1977, após a desencarnação de Luiz de Souza, escolheu o título atual, Ao Encontro de uma Nova Era, e optou pelo nome verdadeiro do Autor, Luiz de Souza.

Em 1962, esse engenheiro civil de profissão e escritor notável e incomum nos presenteia com o livro, A Felicidade Existe, agora em sua 13ª edição.

A Morte não Interrompe a Vida, de 1963, encerra a sua participação na literatura Racionalista Cristã, na qual deixou marca indelével como espírito de categoria, de qualidade, de sabedoria.

Residente em vida física na cidade de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, presidiu inúmeras sessões públicas de limpeza psíquica realizadas na Filial do Racionalismo Cristão daquela cidade, marcando sua passagem de incomparável doutrinador, ainda relembrado por assistentes que freqüentam essa Casa e por militantes que nela trabalham.

Foi em 1974 também, dia 10 de novembro que em Santos-SP, desencarna D. Amélia Maria de Mattos Thomaz, aos 87 anos de idade.

Após a desencarnação do seu marido, Luiz Alves Thomaz, ocorrida em 8 de Dezembro de 1931, D. Amélia Maria de Mattos Thomaz, continuou morando no prédio do Centro Redentor Filial de Santos.

Para assumir a Presidência Material do Centro Redentor Filial de Santos, em substituição a Luiz Alves Thomaz, foi designado pelo Astral Superior, através da Casa-Chefe, o Sr. Ricardo Luiz Mendes, o qual foi empossado em 27 de Dezembro de 1931.

Durante a Administração do Sr. Ricardo Luiz Mendes, D. Amélia Maria de Mattos Thomaz, tornou-se a mantenedora dos negócios materiais do Centro, custeando com a sua renda, todas as despesas do prédio e deste Filial.

D. Amélia comparecia a todas as reuniões da Diretoria, presididas pelo Sr. Ricardo, deixando de comparecer somente quando viajava para o Rio de Janeiro a convite da Casa-Chefe, ou quando estava viajando a negócios, pois, cuidava das suas fazendas de Café localizadas no oeste do Estado de São Paulo e no norte do Paraná.

Em virtude do aumento da Assistência, o Salão do Centro tornou-se insuficiente. Então, com recursos próprios, transformou a parte baixa do Prédio em um segundo Salão, mandando instalar bancos confortáveis e sistema de alto-falantes para que todos pudessem ouvir bem.

D. Amélia morou no prédio do Centro Redentor Filial de Santos, a Av. Ana Costa No. 67, durante quase 34 anos, desde que o Centro foi inaugurado, em 1912, até 1942, quando mudou-se para uma casa que possuía, imediatamente ao lado do Centro Redentor, a Av. Ana Costa, nº 65, ocasião em que passaram a morar com ela, suas sobrinhas.

Em 1975, no dia 28 de outubro, aos 76 anos, desencarnou o Sr. Orlando José da Cruz, por muitos anos foi Diretor-Gerente do jornal A Razão.

Na A Razão, além da redação, escrevia crônicas e comentários, com o pseudônimo de Othon Evaldo.

Orlando Cruz, era natural de Niterói; foi casado com a Sra. Edith Leite da Cruz; teve um único filho, que lhe deu dois netos.

Em 1977, no dia 22 de janeiro, é sepultado o eminente jurista, Dr. Emir Nunes de Oliveria, o grande advogado das causas do Racionalismo Cristão e também Diretor-Redator Chefe do jornal A Razão. Sempre venceu brilhantemente, inclusive no Supremo Tribunal Federal, todas as ações que patrocinou, com extraordinária desambição pessoal.

O Dr. Emir Nunes, é natural do Rio de Janeiro; tendo nascido em 14 de janeiro de 1900. Foi casado com a Sra. Anna Helena Miglievich Nunes de Oliveira, tendo deixado dois filhos.

Em 1979, no dia 24 de fevereiro; aos 82 anos de idade, desencarna o Sr. Francisco Pereira Torres, que foi uma das figuras mais queridas e respeitadas do Racionalismo Cristão, tendo desencarnado como membro do Conselho Superior do Centro Redentor.

Nascido na aldeia de Campelos - Guimarães - Portugal, no dia 11 de Abril de 1897, filho de Olívia Pimenta Torres e Jerônimo Pereira Torres.

Aos 10 anos de idade, veio para o Brasil em companhia de seu pai. Por motivos de força maior, seu genitor viu-se obrigado a regressar a Portugal, deixando-o aos cuidados de uma pessoa amiga. Criança ainda, começou a sua labuta pela vida afora. Trabalhou duro e firme.

No seu primeiro emprego na fábrica de tecidos Aliança, destacou-se pela sua eficiência e destreza, motivo de ter rapidamente conquistado todos os postos, dentro daquela comunidade. Naquela época chegou a ser considerado operário padrão.

Com as economias auferidas, provenientes desse trabalho, comprou um pequeno depósito de pão, transformando-o mais tarde num Armazém de Secos e Molhados (Armazém Metrópole).

Nesta época já estava casado com Esther Grimaldi Torres, que com ele cooperou, ajudando-o a vencer na vida. Ambos trabalhavam das 6 às 23 horas, inclusive aos sábados, domingos e feriados. Tornou-se um comerciante muito conceituado no Bairro das Laranjeiras, graças à maneira cortês e honesta com que atendia aos seus fregueses.

Era muito querido pelos seus empregados, que o tinham como um patrão compreensivo, humano e justo, sem abdicar do rigor e energia nos momentos necessários.

Era dotado de aptidões e inteligência privilegiadas a tal ponto que geralmente fazia os cálculos matemáticos de cabeça, sem lápis e papel, como se fosse provido de um computador cerebral.

Apesar de somente ter cursado o 3º. ano primário, sempre teve discernimento e lucidez para fazer bons negócios e subir na vida. Suas economias foram aplicadas na compra de terrenos e imóveis.

Pessoalmente, participava ativamente na construção de casas e apartamentos, supervisionando o trabalho dos operários, como um autêntico mestre-de-obras.
Sabia mandar, porque sempre soube obedecer.

Como não teve condições financeiras e tempo disponível para estudar, esforçou-se para que os seus três filhos, duas moças e um rapaz, estudassem em bons colégios particulares. Ficou muito orgulhoso quando o filho diplomou-se em Medicina e fazendo carreira na sua especialidade médica.

Francisco Pereira Torres, muito jovem, começou a interessar-se pelo Racionalismo Cristão, fazendo dos ensinamentos desta Doutrina, a norma de conduta da sua vida.

Desde cedo, compreendeu que o corpo e a mente eram interdependentes isto é, dependiam reciprocamente um do outro, portanto eram indivisíveis. Não seria suficiente o exercício físico para nos mantermos saudáveis e despertos para a luta cotidiana.

Haveria necessidade de adquirirmos uma força espiritual bem estruturada, através de convenientes momentos de meditação e esclarecimento psíquico, com o objetivo de afastarmos os maus pensamentos, ajudando-nos a reparar possíveis erros ou injustiças, porventura cometidos.

Tornou-se profundo conhecedor das bases e fundamentos do Racionalismo Cristão, através da atenta leitura dos livros editados pela Doutrina, bem como não deixando de comparecer assiduamente às três sessões semanais do Centro Redentor, muitas vezes enfrentando intempéries climáticas ou contrariando ordens médicas para permanecer em casa.

Com alguma freqüência desculpava-se por não poder atender a compromissos sociais ou festas de aniversário de familiares, desde que as mesmas coincidissem com o horário das suas obrigações espirituais.

Na verdade sentia-se extremamente bem nas sessões, num ambiente honesto e tranqüilo, ao lado de pessoas que, como ele, possivelmente tinham tido um dia árduo de trabalho e, no entanto, ali permaneciam concentrados durante uma hora, assistindo com atenção aos ensinamentos da Doutrina.

A sua clarividência espiritual, dedicação e amor ao próximo levaram-no a ocupar o cargo de Diretor daquela Casa.

Sua vida matrimonial com Esther Grimaldi Torres transcorreu plena de momentos venturosos e felizes. Sentiu muito a sua perda. Decorridos alguns anos, casou-se com a Sra. Maria da Conceição Torres, que também foi uma companheira fiel e amiga até os últimos dias da sua vida.

Francisco Pereira Torres enfrentou a morte com a mesma coragem com que lutou para vencer na vida. Desde o início sabia estar afetado por uma moléstia incurável, entretanto, nunca se deu por vencido.

Submeteu-se a todas as determinações médicas com a mesma disciplina que o acompanhou por toda a existência. Foi paciente exemplar, jamais tendo se lastimado, embora continuamente estivesse sofrendo muito. Morreu lúcido com a certeza de que havia cumprido a sua missão.

No dia 24 de Março de 1982, desencarnou, vitima de um enfarte fulminante, Humberto Antonio Romanelli, aos 65 anos de idade.
Neste dia desfaleceu na entrada do edifício em que morava em São Paulo. Levado às pressas para o hospital, Casa de Saúde Santana, constataram que já estava morto.

Humberto Romanelli, filho de família modesta, nasceu em 26 de Abril de 1916, em Rio Claro, Estado de São Paulo. Era filho de Jacob Romanelli e da Sra. Rafaela Miléo Romanelli.

Era casado com a Sra. Guiomar Lopes Romanelli. Havia completado 40 anos de casado.

Deixou filha única, a Dra, Heliana Dora Romanelli Ferreira da Costa, casada com o Sr. Fernando Ferreira da Costa, empresário em Marília-SP, e digno Tesoureiro, na época, da Filial de Marília.

Deixou, também 3 netos: Ângela Beatriz Ferreira da Costa, Gilberto Ferreira da Costa e Gláucia Ferreira da Costa.

Oriundo de família numerosa, de parcos recursos porém honrada e trabalhadora. Venceu na vida pelos seus próprios esforços, modelando a sua conduta dentro dos princípios elevados da moral Racionalista Cristã.

Trabalhou 30 anos na Cervejaria Caracu, em Rio Claro, onde ocupava cargo no Serviço Jurídico dessa Empresa, Apesar de não ser formado em advocacia, possuía larga experiência nessa área. Muitas vezes, foi consultado por advogados que procuravam informações, graças a esse seu conhecimento e à sua vivência prática.

Iniciou no Racionalismo Cristão na sua juventude, através do Centro Redentor Filial de Rio Claro - SP.

Em 1º. de Outubro de 1937, ingressou oficialmente no Racionalismo Cristão, em São Paulo - Capital. Desde então, jamais afastou-se do seu posto.

Antonio Flor, Presidente da Casa Racionalista de São Paulo, vislumbrou logo, em Humberto Romanelli a personalidade com perfil ideal para ocupar cargos de direção. Passou a Diretor-Secretário e em seguida assumiu a Presidência das Sessões Públicas às Segundas-Feiras.

Seu amor pela Doutrina era tão extremado que ultrapassava os limites da Filial de São Paulo, estendendo-se da Casa-Chefe no Rio de Janeiro, onde era querido por todos, até outras Filiais em diferentes Estados, onde muitas vezes foi designado interventor para solucionar, em nome da Casa-Chefe, problemas relevantes.

Para o seu sepultamento, da Casa-Chefe, vieram os seguintes Conselheiros e Diretores: Dr. Humberto Machado Rodrigues; Sra. Marluce de Oliveira Rodrigues, esposa do Dr. Humberto Machado Rodrigues; Sra. Maria Luiza Cotias de Jesus; Sr. Diamantino Taveira e o Sr. Ilídio Augusto Esteves.

Compareceram também Dirigentes e Militantes de Casas Racionalistas Cristãs que tiveram conhecimento do desenlace, inclusive os Srs. José Ferreira da Costa Jr. e Walter Rossetti, Presidentes dos Filiados de Marília e Bebedouro, respectivamente.

Antes de ser fechada à urna funerária, o Dr. Humberto Machado Rodrigues, muito emocionado, pronunciou de improviso, um belo e expressivo discurso, o qual encontra-se na integra no livro “Racionalismo Cristão em São Paulo” – 2ª. Edição - 1985.Esse livro foi escrito por Humberto Ramanelli, cujo título da 1ª. Edição era “Racionalismo Cristão em Marcha em São Paulo” publicado em 1977.

No dia 25 de Novembro de 1982, a Casa Racionalista de São Paulo, Capital, deu seu nome à Secretaria do Centro, local onde durante muitos anos trabalhou. Neste local foi inaugurado o seu retrato a óleo e também uma placa de Bronze em sua homenagem.

Nessa ocasião, o Sr Fernando Ferreira da Costa, Presidente da Filial de Marília, fez o discurso comemorativo do evento.

Foi em 1983, no dia 12 de junho que desencarnou o Sr. Antonio do Nascimento Cottas, o consolidador do Racionalismo Cristão, com 90 anos de idade.

Foi esposo, pai e avô exemplar, deixando um rastro luminoso para todos que queiram seguir seus passos.

No dia seguinte ao desenlace, 13 de junho de 1983, Antonio Cottas manifesta-se espiritualmente, em Sessão Pública, na Casa-Chefe do Rio de Janeiro, já mencionado, em sua biografia, pág. 52, deste.

Também em 1983, seis meses após a sua desencarnação, Antonio Cottas faz a primeira comunicação como Presidente Astral da casa-Chefe, a seguir:

Luiz de Mattos ascendeu ao seu mundo, e eu fiquei para substituir na direção astral da Doutrina. Sei, por experiência própria, que o trabalho é sempre árduo, a luta é enorme, mas como eu me dispus na Terra a enfrentar as lutas, no Espaço, as irei também enfrentar.

Luiz de Mattos confiou em mim, e eu procurei não desmerecer essa confiança. Entregou-me o cargo, que é um encargo sempre para o homem, e eu procurei, então, resolver as coisas da melhor maneira possível.

A disciplina era tudo para mim, e sempre me empenhei em cumpri-la, porque é através da disciplina do espírito que o ser consegue evoluir. Ela é à base do triunfo na vida. Sem rigorosa observância aos ditames da disciplina, eu não teria feito o que pude fazer.

As lutas foram muito grandes, mas nunca me deixei envolver pela intriga, maledicência, nem por aqueles que me procuravam até bajular. Fui enfrentando tudo, lutei e, porque não dizê-lo, venci.

Venci porque procurei sempre ser um homem honesto, procurei sempre dizer e seguir a verdade. Alteei-me portanto, não por vaidade, compreenda-se, mas pela consciência do dever a cumprir.

Aqui estou junto de vós, para ajudar-vos, como outrora o fiz, mas espero que todos façam o mesmo, ajudando-se uns aos outros e procurando, através de ações e de pensamentos honestos, ligar-se sempre ao Astral Superior.

A verdade é uma única, e sair dela é cair na mentira, e o homem não deve querer nunca ser um mentiroso nem um bajulador.

O verdadeiro homem deve ter consciência sempre e sempre, daquilo que diz, daquilo que faz ou possa fazer.

É a constância no trabalho, é a luta pela vida que abrem as portas do sucesso, colocando, porém, acima de tudo o dever a cumprir. Para mim, a Doutrina estava sempre em primeiro lugar, a ela me afeiçoei, servindo-a aqui ou na outra casa ao lado, sempre há horas certas, e espero que aqueles que aqui estão, façam o mesmo, espero deles, portanto, constância, abnegação, amor à Doutrina e respeito aos seus Princípios, que são inalteráveis em sua base, Força e Matéria.

Os homens poderão modificar a maneira de os apresentar, irem para a esquerda ou para a direita, mas a base, os fundamentos, os alicerces são sempre os mesmos. A Doutrina não deve ser confundida jamais com os homens.

O homem é o homem, e a Doutrina é sempre a Doutrina.

Esclareçam-se, vençam o receio, vençam os maus pensamentos, ponham à distância aqueles que tentem prejudicá-los.

Não queiram mal a ninguém. Nunca se deve querer mal a quem quer que seja, nem dizer mal de quem quer que seja, porque quando a criatura disto se esquece, passa a receber más intuições da rede fluídica do astral inferior, que a lança sobre aqueles que pensam e agem mal.

Sabem os que conhecem a Doutrina quanto é prejudicial à ação dos espíritos que perambulam pela atmosfera da Terra, onde são atraídos pelas fraquezas e vícios dos encarnados.

Levantem o Pensamento! Criem ânimo e procurem vencer a maldade, para poderem servir à Doutrina como ela merece, respeitem-na aqui dentro e lá fora, lembrem-se do trabalho de Luiz de Mattos, e, porque não dizer, do meu trabalho, que foi também constante e árduo, obrigando-me a uma luta constante.

A Doutrina agora, como sabeis será dirigida por mim astralmente, e eu terei sempre aquela personalidade que sempre demonstrei para exigir que cumpram, à risca, os deveres que assumiram para com ela.

Precisamos de criaturas realmente desprendidas abnegadas, que queiram trabalhar por ela e a ela se dediquem de corpo e alma. Só o esclarecimento poderá regenerar a humanidade e libertá-la das mazelas que tanto a oprimem.

Estaremos sempre, como outrora, onde o dever nos chame, para fazer o que for possível, com o apoio dos nossos queridos companheiros e amigos encarnados.

Com Luiz de Mattos, Luiz Alves Thomaz e outros espíritos, evoluídos, foi construída a base da Doutrina no mundo físico, que se vem solidificando cada vez mais.

Procurem os seus servidores terrenos fazer a sua parte, facilitando, com pensamentos de valor, a ação do Astral Superior. Somente os bons pensamentos estabelecem correntes astrais afins, portanto idênticas aos pensamentos emitidos. Estas são, em verdade, as armas que os esclarecidos devem usar para vencer as maldades do mundo, que infelizmente, são muitas.

Desejamos, pois, criaturas que queiram, trabalhar pela Doutrina, mas para isso é necessário que se esclareçam através dos seus ensinamentos. Eu, com o pouco tempo que dispunha, escrevia mais do que lia.

A correspondência absorvia uma boa parte desse tempo, e por princípio não deixava de responder as vertas que recebia. É difícil avaliar o numero de infelizes, muitos nas sarjetas, que se levantaram e venceram na vida, pelo esclarecimento que receberem.

Sempre afirmei que o passado das criaturas pouco importa. O que a todos devem importar é o presente e o futuro.

Se os responsáveis pela Doutrina fossem olhar o passado dos que a ela recorrem, para receber os seus ensinamentos, grande seria o tempo perdido.

Faça-se então o que for possível, abrindo-se as portas de par em par para receber, através delas, aqueles que se queiram esclarecer. Antonio do Nascimento Cottas

Desencarnou no dia 1º. de Julho de 1983, em sua residência de Vila Isabel, aos 89 anos de idade, o Sr. Ezequiel Novais Vieira de Castro, antigo Diretor-Financeiro do Centro Redentor.

O Sr. Ezequiel Novais Vieira de Castro, veio de Portugal, sua terra natal, muito jovem ainda, para o nosso país, começando, logo que aqui chegou a trabalhar na conhecida Casa Sucena, onde, pelo seu caráter íntegro e pela honestidade com que procedia, se impôs a confiança dos seus chefes, chegando a ser um dos gerentes da firma, da qual, mais tarde se retirou para estabelecer-se com uma prestigiosa agência funerária, em Cascadura.

Muito ligado, há longos anos, à Família Nascimento Cottas, a quem tinha sincera estima e admiração, era presença obrigatória no almoço, aos sábados, e nas reuniões familiares promovidas pelo Chefe do Racionalismo Cristão, e sua saudosa esposa, a escritora Maria Cottas, quando a todos alegrava com o seu espírito brincalhão e descontraído.

O Sr. Ezequiel Novais Castro, foi casado com D. Gentilina Vieira de Castro, há pouco falecida, deixou oito filhos e netos.

Em 1987, no dia 27 de setembro, desencarna o Sr. Antonio Ornellas Flor, fundador do centro Redentor Filial de São Paulo.

Os seus familiares, amigos e companheiros, quiseram perpetuar a sua memória mandando modelar o seu busto no bronze, ficando para sempre no saguão principal do edifício, juntamente com os bustos de Luiz de Mattos, Luiz Alves Thomaz, Antonio do Nascimento Cottas e Campos Sales.

Antonio Flor exerceu a Presidência do Centro Redentor Filial de São Paulo durante 52 anos. De 1935, quando ainda era um Correspondente, até 1987.

Antonio Flor nasceu no dia 12 de Abril de 1902, na Ilha da Madeira em Portugal.

Emigrou em busca de melhores condições de vida e de conhecimento que na sua aldeia modesta, com uma tradição de intensa religiosidade, não lhe poderia oferecer.

Veio para o Brasil com 18 anos de idade, fixando residência na cidade de São Paulo.

Nos idos de 1932, Antonio de Ornellas Flor e seu irmão Cláudio de Ornellas Flor, ainda moços, procuravam um lugar em que ambos pudessem saciar a sede de Espiritualidade.

Passaram, então a freqüentar Casas Espíritas, mas não era o que eles procuravam. Até que, em 23 de Junho de 1932, souberam da existência do Racionalismo Cristão, que poderia satisfazê-los.

Logo que puderam, foram ao Rio, para conhecer a Doutrina e, após assistirem aos trabalhos de uma Sessão de Limpeza Psíquica, adquiriram suas obras e passaram a estudá-las.

Entusiasmados com os seus ensinamentos, voltaram a Casa Chefe, e pediram a Antonio do Nascimento Cottas, permissão para instalar um Correspondente em São Paulo, o que foi feito numa sala da residência de Antonio Flor, em Santana, São Paulo.

Nessa época, Cláudio Ornellas Flor disse ao seu irmão: “Antonio, procura um professor para instruir-te, porque serás o presidente da nova Casa Racionalista Cristã de São Paulo.”

Antonio Flor, ainda moço, fundou a tradicional Casa Flor, na Ponte Pequena, negociando com móveis de vime e logo se tornou um industrial próspero desse ramo, do qual foi um dos precursores no Brasil.

Casado com a Sra. Maria Nunes Flor, tiveram 6 filhas e um filho.

D. Maria Nunes Flor foi uma mulher admirável pelas suas qualidades morais e espirituais, dotada de grande paciência e de um bom humor invejável.

Foi uma grande incentivadora do Racionalismo Cristão em São Paulo desde a época da sua fundação.

Antonio Flor, com uma personalidade marcante, não recuava diante dos obstáculos que pudessem dificultar a marcha do Racionalismo Cristão em São Paulo.

Era um homem otimista, destemido e perseverante. Não media esforços nem sacrifícios para defender e difundir a Doutrina Racionalista. Se Antonio Flor não era um intelectual, era, porém, inteligente e dotado de grande perspicácia e ponderação. Além disso, possuía muita sensibilidade para os ensinamentos da Doutrina que transmitia a seus semelhantes.

Antonio Flor tinha por lema: “Saber querer, é poder”, certo de que elevar os pensamentos aos mundos Superiores era criar condições ao bom uso do raciocínio, para realizar o que é justo e útil.

Antonio de Ornellas Flor, como industrial e comerciante, lutou incansavelmente, vencendo todos os tropeços das flutuações do comércio, que muitas vezes o atingiam, a tudo superando com a sua paciência, energia, otimismo e confiança em si mesmo. Assim, foi sempre um vencedor, jamais um vencido.

Homem de forte individualidade, Antonio Flor, como Luiz de Mattos, era, às vezes, muito tolerante, confiando demais em certas pessoas que abusavam dessa confiança, trazendo-lhe embaraços ou contrariedades, recebendo com estoicismo a ingratidão daqueles que se aproveitavam da sua benevolência e bondade.

Em 29 de Setembro de 1987, o Dr. Humberto Machado Rodrigues, isto é, dois dias após a desencarnação de Antonio Flor, presente à Reunião de Diretoria do Centro Redentor Filial de São Paulo, referendou e empossou, em nome da Casa-Chefe, a indicação do Sr. Cecílio Reis Longh, para Presidente daquela Casa Racionalista, conforme a vontade anteriormente confidenciada pelo Sr. Antonio de Ornellas Flor e sob a concordância por unanimidade de toda a Diretoria.

No quarto dia após o desencarne, em 01 de outubro de 1987, o Sr. Antonio O. Flor deu uma comunicação na Casa-Chefe do Racionalismo Cristão.

”Não há dúvida alguma, o espírito, ao se desprender da matéria, tendo estado ao serviço da Doutrina, ascende imediatamente ao seu Mundo de Luz. Então, ele vai continuar aquela obra que só lhe diz respeito, para que assim possa voltar, se necessário for, no momento próprio, para mais uma encarnação de lutas e deveres a cumprir.

É a lei da reencarnação, a lei do progresso! Sabeis perfeitamente que aqueles que trabalham pela Doutrina e a ela se dedicam, tem condições para ascender aos seus Mundos de Luz, porque outros espíritos, seus irmãos em essência, ali estão para o acompanhar, para o levar a uma esfera Superior.

Assim sucedeu comigo e assim sucede com todos aqueles que trabalham por esta Causa. O trabalho sempre espera os Espíritos que se desprendem das coisas materiais e levam a sério o cumprimento do dever. Fiz questão de isto fazer! Obedeci! Era intransigente!

Fazia o que me era possível e gostava até de fazer o impossível também, ajudado sempre por aqueles companheiros que eram fiéis a Doutrina e, portanto, fiéis aos princípios que Luiz de Mattos explanou!

Esta obra monumental, que é o Racionalismo Cristão, leva aos espíritos lutadores a convicção de que eles não podem parar nem devem parar. As responsabilidades são grandes, mas quanto maior é a luta, maior é o entusiasmo.

É através da intuição, através, portanto, daquele trabalho que me estava afeto, e que fiz questão de cumprir, para assim, alguma coisa realizar pela Doutrina, à qual me dedicava com denodo.

Vim de longe, como vieram muitos homens de outras eras, de outras cidades e de outras nações, para enfrentarem novas lutas numa nova terra e aqui chegando encontrei aquilo que me satisfez, aquilo portanto, ao qual me dediquei com respeito e amor.

As ordens superiores eram sempre cumpridas. Eu fazia questão de que a disciplina fosse levada a sério e que as coisas corressem sempre bem dentro da Casa Racionalista de São Paulo.

E assim, amigos, temos a vos dizer que continuamos a luta, pois essa não para, e o espírito encontra sempre motivos fortes e saudáveis para cumprir o seu dever.

Racionalismo Cristão é Doutrina para um grandioso futuro, em que o homem saberá como conduzir-se, como aqueles que por aqui passam e os que já passaram e fizeram o que lhes foi possível, perante o nosso esclarecimento espiritual.

E raciocinando, ponderando e prestando atenção às intuições que recebia, fiz aquilo que me foi possível. Mas o espírito, depois que ascende ao seu mundo, não vem aqui conversar sobre o trabalho que fez.

Os homens na Terra o conhecem, como também podem conhecer as suas fraquezas.

O que importa, sim, é a dedicação, é o valor, é o desprendimento, é a constância em se levar avante às obras que se devem iniciar ou então as que já estão iniciadas.

A Casa de São Paulo foi obra de todos! Antonio Nascimento Cottas, sempre prestativo e humano como era, ali estava para apoiar aquilo que ele gostava que se fizesse. Racionalismo Cristão é obra grandiosa! Nunca poderia ter pensado, na minha mocidade, que teria de vir para o Brasil para continuar uma luta, podemos dizer até uma luta sem tréguas!

Todos os homens encontram tropeços neste mundo, mas aqueles que são fortes dificilmente caem e, se caírem, sabem se levantar para uma nova caminhada de maior decisão, para novos passos, para novas lutas.

É o desprendimento, é a constância que fazem com que o homem se entregue de vez àquilo que começa a executar, e a minha vida é de vos conhecida, porque aquilo que se faz, fica. A verdade é uma única, como se costuma dizer no Racionalismo Cristão, e a verdade se expande e resplandece.

Racionalismo Cristão, hoje como ontem e no futuro, será esta obra que todos os homens idealistas terão de dedicar o seu tempo, o seu trabalho, a sua luta.

Dizer-vos tudo isso seria desnecessário, mas no atual estágio evolutivo ainda é preciso que o espírito venha doutrinar - não sendo o médium quem doutrina, porque este é apenas o instrumento - e o espírito então não vem dizer um adeus, porém vem afirmar sua presença em uma sessão como esta, cheia de beleza espiritual, de cambiantes de luz, que passam despercebidas dos vossos olhos, mas que, no entanto, aí estão presentes com uma firmeza e uma claridade sem par!

Racionalismo Cristão, meus amigos, é para isto, é para trabalhar e para que o espírito obedeça sempre às ordens superiores, o que eu sempre fiz questão de fazer.

Assim sendo, as coisas neste mundo são como são: todos desencarnam desta ou daquela maneira, porque a vida na Terra e, portanto, a vida do homem está sob dependência de certos fatos.

O que importa, é aquela firmeza de caráter, aquela energia, aquela decisão que o espírito assume para trabalhar, para decidir, para que o amanhã seja melhor do que o dia de ontem, para que o futuro seja melhor do que o presente, para que a vida, enfim tenha um alto significado para aqueles que se esclarecem, para aqueles que estão ao serviço de uma Causa, que não é somente vossa nem nossa, é da humanidade!

Isto não é um adeus, porque estarei sempre presente é claro, mais na Casa de São Paulo - mas para o espírito não há distância nem convenções sociais, nem essas amizades que existem na Terra, porque o espírito, sendo uma partícula da inteligência Universal, é luz, e como tal, está hoje aqui, amanhã em outro lugar.

O Racionalismo Cristão, Doutrina que me comoveu, que alterou toda minha vida para o bem, que fez de mim um homem, que fez de mim um lutador, é uma obra que interessa aqueles que gostam de se decidir, aqueles que gostam de trabalhar, aqueles que encontram no trabalho um prazer a mais, um prazer seleto, um prazer que se transforma em virtude e que o espírito alimenta através das suas lembranças, que são diárias.

Mas a vida além da matéria toma outras proporções, e, assim sendo, tudo aquilo que ficou na Terra, na Terra fica, e os homens que surgem em novas gerações continuam a luta, eles continuam o seu trabalho, a planejar, a observar, a distinguir, muitas vezes com mais facilidade do que outrora se fazia.

Todos juntos, com um só querer e uma só vontade firma, estareis satisfeitos convosco e com o vosso semelhante.

É preciso que haja apoio, é preciso que haja amizade, é preciso que o espírito sinta que alguém está ao seu lado, está perto de si, para o ajudar a vencer as dificuldades que surgem.

Eu encontrei esses espíritos abnegados, esses homens que gostavam da luta, e atualmente os homens que também gostam da mesma luta a ela se vão entregar com eficiência e labor! Antonio O. Flor.

Em 1990, em 5 de abril, desencarna a escritora Olga Brandão de Almeida.

Em seus livros, sempre deu demonstrações de ser uma Professora de grande inteligência e vasta cultura.

Em sua obra, soube desdobrar os Princípios Racionalistas Cristãos, fazendo aflorar em seus leitores, um raciocínio mais lúcido, gráças ao valor da sua vivência de mulher dedicada ao incentivo da cultura e da espiritualidade.

Dedicou a maior parte da sua vida à Educação e ao Ensino, para o qual desde menina revelou profunda vocação.

Escreveu os seguintes livros: Caminhos Certos, lançado em 1971, depois Valorize sua Vida e em seguida Retalhos de Vida, nos quais deixou admiraveis lições de vida, voltadas para o bem comum, condenando veementemente as orientações materialistas que vem influenciando a Educação nos últimos tempos, quer nos lares, quer nas Escolas, materialismo este, que está abalando os alicerces da famIlia.

Na sua obra, fez também diversas considerações sobre os lares desajustados, onde o futuro das crianças é seriamente ameaçado pelas cenas desagradáveis presenciadas entre os seus pais, as quais ficam indelevelmente gravadas nos seus subconscientes.

Olga Brandão de Almeida é, sem dúvida nenhuma, uma das mais destacadas escritoras da literatura Racionalista Cristã.

Também em 1990, no dia 26 de março, desencarna o Dr. Joaquim Pereira da Costa, Redator Chefe do jornal A Razão e membro do Conselho Superior da Casa-Chefe do Racionalismo Cristão. Casado com a Sra. Tereza Costa.

Dr. Joaquim Costa, viveu os ultimos anos de sua vida numa dedicação integral à Doutrina racionalista Cristã.

A esposa do Sr. Joaquim, D. Tereza, muito querida nos meios racionalistas e na Casa-Chefe, desencarnou no dia 9 de novembro de 1988, Rio de Janeiro.

Desencarna o Dr. João Baptista Cottas, vítima de um mal súbito, desencarnou no dia 21 de Julho de 1994, aos 83 anos de idade.

Estiveram presentes, além dos familiares, militantes, Diretores e membros do Conselho Superior do Centro Redentor e o Presidente internacional do Racionalismo Cristão, Dr. Humberto Machado Rodrigues.

”Sob a custódia de seu irmão Antonio Cottas, que para ele e suas irmãs, foi mais um pai que um irmão, decidiu estudar medicina, tornou-se médico, e, não enriqueceu, mas deixou exemplos admiráveis de conduta, seja como ser humano, profissional ou como Racionalista Cristão.

Ele nunca cobrou preços exorbitantes pela consulta, como muitos o fazem, limitando-se a cobrar o suficiente para a sua subsistência.

Quantas vezes vimos o nosso querido tio João atender gratuitamente a quem o procurava e até dar remédios aos que não tinham condições de os comprar!

No mesmo dia em que ocorreu a sua desencarnação, João Baptista Cottas, deu na Casa-Chefe, a seguinte comunicação:

É uma felicidade para um espírito quando chega o momento da sua desencarnação, ascende ao seu mundo e tem a convicção de que fez tudo o que pode para cumprir seus deveres de espírito encarnado.

Abdiquei muitas das vezes de certas coisas materiais. Fiz da minha profissão um sacerdócio. Procurei dar atenção àqueles que mais precisavam da minha assistência, tanto material como espiritual.

Quantas vezes batia em meu consultório uma criatura a procura de um alento, pensando que esse alento fosse de ordem material, e eu procurava conversar, orientar e ela dali saia satisfeita e aliviada. Quando eu sentia que o ser tinha interesse em se esclarecer o encaminhava ao Racionalismo Cristão.

Tive uma vida digna. Sempre honrei a minha profissão, sempre agradeci aqueles que fizeram de mim um homem, sempre vivi para a família. Tinha grande amor pela minha esposa, por meus filhos e por todos aqueles que me rodeavam. Era feliz dentro das possibilidades próprias do mundo Terra.

Quantas vezes deixei por escrito palavras sobre a saúde, sempre alertando as criaturas para terem cuidado com a saúde, pois sem ela ninguém pode chegar a lugar algum.

O mundo Terra é para isso, é para que todos possam saber que esta vida que levam, a vida material, tem que ser digna, para que o espírito possa, no momento da desencarnação, se engrandecer.

Amei esta Doutrina. Ameia de corpo e alma. Tinha para com aqueles que me cercavam muito amor para dar.

Estuda-se, faz-se uma Faculdade de Medicina, mas quando chega o momento preciso para si próprio, aí é que se vê que não se sabe nada; que a nossa vida não nos pertence, pertence sim, à plêiade do Astral Superior.

Ela que determina, ela que nos indica o tamanho do nosso sofrimento; se é para mais ou para menos. Mesmo sentindo que ia desencarnar, aparentemente parecia que não sabia. Mas o meu espírito estava preparado.

E quando chegou há minha hora senti ao meu redor todos aqueles que me cercavam no mundo Terra, principalmente aquele que foi meu irmão material, dando-me toda a sua irradiação e também outros companheiros do Racionalismo Cristão; fizeram uma corrente e tiraram-me deste mundo para eu seguir o meu caminho.

Estou com a consciência tranqüila de que trabalhei no mundo Terra o máximo que pude. Não tenho remorsos, porque é duro para um espírito chegar ao seu mundo e sentir vergonha de tudo o que fez de mal na Terra.

Como todos tem o seu pedaço para passar, eu tive ainda dias para refletir; refleti e não senti vergonha do que vi em minha aura, porque ela estava límpida, tão límpida, que fui atraído pelas Forças Superiores, para sair deste mundo Terra o mais rápido possível, para que não ficasse sofrendo.

Espero que todos aqueles que conhecem o que é o Racionalismo Cristão, sigam os passos firmes; tenham certeza da Doutrina que abraçaram, porque estarão sendo beneficiados, estarão sendo irradiados por esta plêiade do Astral Superior em que vou trabalhar, para ser mais um, como espírito para distribuir fluidos benéficos.
Para todos esses amigos que deixei na Terra, tenho certeza de que deixarei saudades, inclusive aos meus familiares.

A saudade é normal; não lamentem, porque lamúrias atrapalham a nossa vida espiritual. Estejam certos de que de onde eu estiver, estarei sempre irradiando a todos os aqui presentes e aqueles que me conheceram.

Deixo a minha irradiação de conforto espiritual. João Baptista Cottas.

Em 21 de outubro de 1995, desencarna Fernando Faria, com sessenta e cinco anos de idade.

Fernando Faria, pai do autor deste livro, militou por anos na Filial de Santos, autor de algumas obras, três delas já publicadas pelo Racionalismo Cristão, intituladas Racionalismo Cristão Responde, Para Quando os Revezes Chegarem e A Chave da Sabedoria. Atualmente é Presidente Astral da Filial de Petrópolis do Racionalismo Cristão. Deixou viúva, três filhos e 3 netos.
O Grande colaborador Pompeu Cantarelli desencarna com 103 anos de idade e 70 de Doutrina

Desencarnou na capital paulista, por volta das 23 horas do dia 13 de agosto de 2007, o diretor-secretário da Filial São Paulo do Racionalismo Cristão, Pompeu Lustosa de Aquino Cantarelli, uma das figuras históricas do Filiado, pelos relevantes serviços prestados à Doutrina.

Faleceu 17 dias antes de seu aniversário, quando completaria 103 anos, tendo nascido às 23 horas do dia 31 de agosto de 1904, no sítio Santa Maria, perto da cidade de Parnamirim, na época denominada Leopoldina, Estado de Pernambuco. Estava licenciado de suas funções na Filial havia alguns anos por causa da avançada idade.

Pompeu Cantarelli, cuja esposa, Alzira de Vecchia Cantarelli, faleceu em maio de 2005, aos 94 anos, deixa uma filha, Amália Cantarelli Camargo, casada com o dr. Lecy Ribas Camargo; as netas Cristiane, Valéria e Ângela, o bisneto Gabriel e a bisneta Marina.

Compareceram aos funerais de Pompeu Cantarelli, além dos parentes e amigos da família, o presidente em exercício do Racionalismo Cristão, Gilberto Silva, acompanhado da esposa, Iraci Ferreira Silva, e do filho Daniel, bem como do diretor da Casa-Chefe Wilson Carnevalli Filho; o presidente da Filial São Paulo e representante regional da Casa-Chefe no Estado de São Paulo, Herval Tavares de Campos, e esposa, Emília de Ornellas Flor Campos; a secretária interina da Filial, Marialva de Campos Sposito; e demais militantes e freqüentadores dessa Casa Racionalista Cristã e de outras filiais da Grande São Paulo.

Pompeu Cantarelli contava, ao desencarnar, 70 anos de Doutrina, pois conheceu o Racionalismo Cristão em 1937, passando então a freqüentar as reuniões públicas de limpeza psíquica da Filial São Paulo, que na época funcionava na Rua Francisca Júlia, alto de Santana. Em 1954, ano em que se aposentou na Polícia Militar, no posto de capitão, pôde inscrever-se como militante nessa Casa, em cuja diretoria chegou a exercer quase todos os cargos.

Escritor e jornalista, escreveu, entre outros trabalhos literários, o livro Saber Viver e memoráveis reportagens e artigos neste jornal durante os longos anos do qual foi correspondente e representante em São Paulo.

Poeta, homem de cultura e brilhante inteligência, privou da amizade de Guilherme de Almeida, Príncipe dos Poetas Brasileiros e membro da Academia Brasileira de Letras, com quem se aprimorou na arte de versejar.

Aos 20 anos de idade, Pompeu Cantarelli havia deixado sua cidade natal para morar em Recife. Aí viveu quatro anos, trabalhando como ajudante de farmácia e estudando a noite, após o expediente de trabalho, que se estendia até as 20 horas.

Durante sua permanência na capital pernambucana, interessou-se pela política, tendo freqüentado nesse período a casa do ex-governador do Estado Manuel Pereira Borba e a do então deputado federal Agamenom Magalhães, que posteriormente viria a ser também governador. Nessa época travou conhecimento, ainda, com vários chefes políticos do interior de Pernambuco.

Em janeiro de 1929, mudou-se para São Paulo, onde ingressou na Farmácia do Hospital Militar da Força Pública do Estado (hoje Polícia Militar), tendo servido essa instituição durante 25 anos.

No ano de sua chegada a São Paulo, Pompeu Cantarelli passou a frequentar a Sociedade Teosófica, tornando-se então vegetariano, por influência dessa doutrina espiritualista e filosófica, mas desligou-se da teosofia ao conhecer o Racionalismo Cristão, em 1937. Casou-se com dona Alzira em 1934, e desse casamento nasceram três filhas: Guiomar e Ascendina (falecidas) e Amália.

Desde seu ingresso na militância do Racionalismo Cristão, em 1954, dedicou-se de corpo e alma a essa Doutrina, distinguindo-se sempre pela constância e pela assiduidade a todas as sessões, públicas e particulares.

O ano de 1955 também marcou a vida de Cantarelli, segundo afirmou em depoimento para o acervo histórico da Casa-Chefe, pois foi nesse ano que conheceu o então presidente perpétuo e internacional do Racionalismo Cristão, Antonio do Nascimento Cottas, de quem se tornou amigo e pessoa de confiança. "Uma das maiores alegrias de minha vida", disse ele, "foi ter merecido a inteira confiança e a amizade de Antonio Cottas; e disso o presidente Cottas deu provas cabais durante a construção da nova sede da Filial São Paulo".

A partir de 1955, Antonio Cottas passou a convidar Pompeu Cantarelli para auxiliá-lo na organização das cerimônias de inauguração de casas racionalistas cristãs em várias partes do Brasil, nomeando-o também repórter e representante do jornal A Razão nessas solenidades inaugurativas.

"Tenho em meu arquivo inúmeras cartas que me enviou o presidente Cottas, e as guardo como num relicário do grande homem que consolidou o Racionalismo Cristão", confidenciou.

Homem austero com as finanças

Em 1962 Pompeu Cantarelli foi escolhido, por indicação de Antonio Cottas, para ocupar o cargo de diretor-tesoureiro da Filial São Paulo, com o integral apoio do então presidente da casa, Antonio de Ornellas Flor, e do diretor-secretário, Humberto Romanelli, que viria a ser substituído nessa função, ao desencarnar, pelo próprio Pompeu Cantarelli.

Tesoureiro exemplar, caracterizou-se no desempenho desse cargo pela austeridade e rigor na administração das finanças e do patrimônio do Racionalismo Cristão em São Paulo. Acrescente-se que, no período em que foi tesoureiro, chegou a acumular as atividades de diretor-procurador e de encarregado do salão, nas sessões públicas.

Em 1982, com a desencarnação de Humberto Romanelli, deixou a Tesouraria para assumir a Secretaria da Filial, também por indicação de Antonio Cottas. Embora nos últimos anos tenha se licenciado de suas funções nessa Casa, por causa da idade, continuou como titular do cargo até o fim de sua vida física, a pedido do dr. Humberto Machado Rodrigues, presidente perpétuo do Racionalismo Cristão.

Pompeu Cantarelli e Humberto Romanelli foram os diretores de mais destacada atuação na longa gestão do presidente Antônio Flor, principalmente durante a construção da monumental sede própria da Filial São Paulo, na Rua Gabriel Piza, 313, bairro de Santana, nos anos de 1969 a 1973.
Nesse período, ambos, diariamente a postos, dirigiam e coordenavam a execução das obras, com a colaboração de outros diretores, militantes e amigos da Doutrina.

Foram também Pompeu Cantarelli e Humberto Romanelli que participaram mais de perto da comovente odisséia de Antonio Flor, na década de 60, para concretizar o sonho da sede própria - odisséia feita de vitórias e derrotas, heroísmos e lágrimas, conforme se constata lendo-se o livro Racionalismo Cristão em São Paulo, de autoria de Romanelli. "Lutas e sofrimentos que, afinal, valeram a pena", diz Cantarelli em seu depoimento, "pois o sonho se tornou realidade, tendo a inesquecível festa de inauguração do edifício, presidida por Antonio Cottas, ocorrido em 25 de novembro de 1973, com a presença de quase 2 mil pessoas."

Além da Filial São Paulo, Pompeu Cantarelli se empenhou também na construção de outras casas racionalistas cristãs, como a Filial Santo André (Grande São Paulo), Filial Butantã (capital) e Filial Taubaté (Vale do Paraíba).

Em 25 de novembro de 1998, na solenidade comemorativa do 25° aniversário da inauguração da nova sede da Filial São Paulo, presidida pelo presidente internacional do Racionalismo Cristão, dr. Humberto Machado Rodrigues, foi-lhe conferido o título de Diretor-Secretário Emérito, passando então a denominar-se Sala Pompeu Cantarelli o recinto onde funciona a Tesouraria da Filial.

Na véspera de seu centenário, 30 de agosto de 2004, a Casa-Chefe e a Filial São Paulo, num gesto de reconhecimento e consideração, prestaram homenagem a essa benemérita figura da história do Racionalismo Cristão, em cerimônia solene realizada, após a sessão pública, na Filial.

Na oportunidade, Gilberto Silva, representando dr. Humberto, entregou a Pompeu Cantarelli o diploma de Membro Honorário do Racionalismo Cristão.

"Pompeu Cantarelli", disse então o presidente Herval, "passa a figurar como um símbolo na história do Racionalismo Cristão e recebe nesta noite, véspera do dia em que completa 100 anos de idade, as merecidas homenagens de seus familiares, amigos, freqüentadores e companheiros desta e de outras casas racionalistas cristãs, que durante longos anos o têm admirado por tudo o que fez pela Doutrina, por seus méritos pessoais e por sua grande cultura."

Gilberto Silva afirmou que muito aprendeu durante os vários anos em que teve o privilégio de trabalhar, na Filial, com Pompeu Cantarelli, e jamais esqueceu suas orientações e sábios conselhos. "Tenho de creditar a esse mestre muito do que sou; por isso, muito devo a ele, a seus exemplos, a suas lições de vida e de Doutrina. Pompeu Cantarelli foi muito importante na minha formação e na de muitos outros companheiros. É um exemplo para todos nós, racionalistas cristãos."

Desencarnou em 2 de outubro de 2007, na cidade do Rio de Janeiro, aos 89 anos de existência física, Antonio Cristovam Monteiro, ou apenas dr. Cristovam, como era comumente citado no meio racionalista cristão.

À luz da espiritualidade, a desencarnação é vista como um lenitivo para o espírito, que, se livrando do corpo físico, que não mais serve à sua evolução, se desliga por completo da matéria que o prende a Terra e retorna ao seu mundo de origem.

Dr. Cristovam mantinha estreita ligação com a Casa-Chefe, em conseqüência do encargo de consultor jurídico do Racionalismo Cristão, que exerceu até o fim de sua vida física. Também até a poucos meses escreveu seu artigo mensal para o jornal A Razão, com o qual colaborou durante muitos anos.

Antonio Cristovam Monteiro, filho de Alfredo Cristovam e Rosa Monteiro Cristovam, emigrantes portugueses que vieram tentar a vida no Brasil, nasceu em 25 de junho de 1918 na cidade de Astolfo Dutra, no Estado de Minas Gerais.

Aos seis anos, veio para o Rio de Janeiro, trazido por sua tia Maria Monteiro, irmã de sua mãe. Essa senhora o criou como filho e lhe deu instrução. Apesar de ter vindo para a cidade ainda muito pequeno, nunca deixou de ser um homem do campo, simples e dedicado aos pais.

Fez o curso primário na Escola República da Colômbia, cursou o Colégio Pedro II e a Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, bacharelando-se em Direito em 1947.

Ainda estudante de Direito, começou a trabalhar e a freqüentar o escritório de um amigo contador que ocupava uma sala no prédio pertencente ao Racionalismo Cristão, na Rua Miguel Couto, 115, Centro do Rio de Janeiro, onde era o escritório de Antonio Cottas.

Nesse tempo, conheceu Lydia, filha de Antonio Cottas, que freqüentava a Escola de Belas Artes e voltava para casa com o pai, todos os dias.

Antonio Cristovam Monteiro casou-se com Lydia em 18 de janeiro de 1949. O casal teve dois filhos – Alfredo e Rosa Maria – e dois netos – Fernanda e Carlos Eduardo.

Após o casamento, Dr. Cristovam intensificou a militância no Racionalismo Cristão, acompanhando e ajudando Antonio Cottas na Doutrina.

Mais tarde, passou a integrar a diretoria da Casa-Chefe do Racionalismo Cristão.

Além da militância na Doutrina, na sua condição de advogado, defendeu o Racionalismo Cristão em inúmeras causas jurídicas.

Embora, residente no Rio de Janeiro, sempre preservou sua ligação com o campo e suas origens. Após a venda da fazenda dos seus pais em Minas Gerais, continuou ligado ao campo com um sítio no interior do Estado do Rio de Janeiro, onde criava umas poucas cabeças de gado para produção de leite.

Possuidor de cultura admirável, aos 89 anos de idade ainda exercia sua profissão de advogado.

Em sua atuação em A Razão, manteve durante muito tempo à coluna "Você e a lei", onde respondia questões jurídicas levantadas pelos leitores. Por meio dessa coluna teve reconhecido o seu saber jurídico.

Escreveu para o jornal também artigos alusivos à política, aos poderes estatais e à Justiça brasileira, com temas que abordava com sua visão crítica em face das atuações que julgava contrárias ao bem-estar da sociedade.

Certa vez, referiu-se à vontade que tinha de ver o jornal A Razão um gigante como fora durante o período de 1916 a 1921, quando sua publicação era diária e seu conteúdo abrangente a todos os ramos da sociedade, com destaque na atuação política nacional.

Em 15 de janeiro de 2008, é a vez de Sonia Paronetto Faria desencarnar, com 73 anos, secretária da Filial berço do Racionalismo Cristão, militante fervorosa. Sua partida, motivou a entrada do autor como militante do Racionalismo Cristão. Deixou 3 filhos e cinco netos.

Em 12 de abril de 2008, desencarna o professor Henrique Carlos Sequeira.

Este companheiro, que em vida física foi um homem que desenvolveu a sua intelectualidade na área da Matemática. Foi professor catedrático na Universidade Internacional de Lisboa, deu aulas para formação de mestrado no Instituto Superior Técnico (IST), foi um dos fundadores do Instituto Nacional de Estatística (INE), diretor do Laboratório Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial, funcionário superior do Estado, membro da Sociedade de Geografia, membro de Investigação Científica. Vamos ficar por aqui para não prolongar esta pequena biografia.

Marido, pai, avô e bisavô extremoso, homem de porte correto, simples, humilde, de educação exemplar, nasceu já com espiritualidade muito elevada e sabia transmitir, externar todo o seu saber, todo o seu pensar, em suas palestras. Trabalhou como professor dos 21 aos 70 anos, em 1998, quando se aposentou.

Sabia falar a todas as classes sociais e culturais, desde as pessoas intelectualmente mais elevadas às mais simples. Orador por excelência, de grande eloqüência, teve, ao longo do tempo, designadamente nos eventos das Casas Racionalistas Cristãs em Portugal, e em particular na de Lisboa, intervenções espiritualistas e espiritualizadoras impregnadas de saber e desenvolvimento dos princípios doutrinários no envolvimento das causas culturais, sociais, morais, cívicas, econômicas etc., que prendiam a atenção de quem o escutava, bebendo suas sábias exposições, que transmitiam, sempre, princípios conducentes à evolução, não raro desafiando a assistência à prestação da sua quota-parte.

Foi grande incentivador do estudo e prática do Racionalismo Cristão, objetivando a contribuição para a melhoria da sociedade humana em que nos inserimos.

Não ficou por aí, pois se destacou também na escrita, como por exemplo suas colaborações no Jornal A Razão por diversas vezes quer no tempo do nosso querido dr. Humberto Machado Rodrigues, quer recentemente, na abordagem sobre a biblioteca de Alexandria (Dezembro de 2006).

Além do que escreveu nessa matéria, Henrique Carlos Sequeira enviou a essa monumental e histórica biblioteca, através da embaixada do Egito em Portugal, dois exemplares do livro Racionalismo Cristão.

Deixou-nos ainda o seu livro O Meu Depoimento Sobre o Todo, onde fala sobre o seu conhecimento da Doutrina, de Francisco Gomes de Abreu e dá depoimento sobre o Todo. Como não podia deixar de ser, todas essas abordagens são envolventes, livro este, utilizado por este que vos escreve, na introdução, citado ao final do capítulo.

Nascido em 1928 com elevada espiritualidade, desenvolveu-se nas ciências e na filosofia, em Luanda, Angola e Portugal, onde encontrou o grande espírito de Francisco Gomes de Abreu, seu mestre.

Henrique Carlos Sequeira soube muito bem absorver corretamente, com rapidez e muita profundidade, todos os conhecimentos da doutrina racionalista cristã, que desde logo abraçou e desenvolveu.

Quando, em 1979, Francisco Gomes de Abreu, hoje espírito do Astral Superior, fundou a Filial Lisboa do Racionalismo Cristão, lá estava Henrique Carlos Sequeira a trabalhar com muito afinco, dedicação, estudo contínuo, até o seu último dia de vida física, em 12 de abril último.

Em seu mundo de Luz, não temos dúvidas, continuará a trabalhar pela Filial Lisboa, por esta Doutrina que ele tanto amava, e pela qual, sabemos, tanto lutou, e por todos nós, tentando, assim, minimizar a enorme lacuna física que deixou.

Desencarna em 27 de setembro de 2008, Moysés Martins Ribeiro. Moysés nasceu em 8 de novembro de 1932, na cidade do Rio de Janeiro, nesta mesma cidade. Foi casado durante décadas com Marilza G. Florêncio e desta união cultivou filhos e netos que tanto amava. Deixou, além da viúva, as filhas Kett Florêncio Oliveira e Alessandra Ribeiro Lucena, e os netos trigêmeos Lucas, Juliana e Bruna.

Muitos são os vultos que constroem história no mundo Terra. E de suas trajetórias, pelo que nos permitem vislumbrar em razão do enclausuro do corpo físico, em regra, temos a visão apenas das obras realizadas no curso de uma encarnação.

Dos mais singelos gestos às mais magníficas obras da humanidade, todas têm seu valor perpetuado quando a mão que as lançou foi guiada pelos moldes da espiritualidade, pois desta forma se perfazem na eternidade de seus exemplos, a garantir o aprendizado de futuras gerações que conhecerão seus prodigalizados ensinamentos.

Moysés Martins Ribeiro foi, sem dúvida, um desses vultos que tanto ajudaram e lutaram por uma humanidade mais justa e espiritualizada, quando se dedicou profícua e incondicionalmente ao desenvolvimento do Racionalismo Cristão.

Trabalhou como eletrotécnico e desempenhou o cargo de Oficial de Justiça da 25ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, função em que aprendeu a lidar com os extremos das diferenças do gênero humano, quando, muitas vezes, tinha que lidar com pessoas detentoras de elevado desequilíbrio psíquico e espiritual.

Pela doutrina racionalista cristã, Moysés desempenhou inúmeras atribuições que lhe eram delegadas, em razão do seu espírito desbravador e sempre disposto à luta, que era uma constante em sua vida.

Na Casa-Chefe, desempenhou os encargos de militante de diretor bibliotecário e museólogo e membro do Conselho Superior, tendo sido reconhecidas sua estima e presteza aos incontáveis amigos que conquistou nas suas prestigiosas jornadas, nas quais se dedicava galhardamente ao cumprimento dos deveres espirituais.

Entre seus incontáveis feitos, destacamos alguns que se sobressaíram como exemplos a serem observados, devido ao seu espírito de renúncia: o trabalho em que se lançou em prol da consolidação da Doutrina na cidade de Campos dos Goytacazes, ao lado do saudoso Francisco Izabel; a luta profícua que travou no restabelecimento e reestruturação das filiais de Miracema, onde durante algum tempo desempenhou o cargo de presidente, e de Três Rios.

Quem teve a satisfação de conhecê-lo pessoalmente, sem dúvida, pôde notar que se tratava de um espírito idealista, sempre disposto a contribuir para o progresso da Doutrina e a ajudar os seus semelhantes, como prova do amor que sentia pela humanidade.

Tudo que representou e representa para o Racionalismo Cristão é reflexo do que foi para sua família, como marido dedicado, pai e avô zeloso, afirmativa que emanava de seus olhos quando se referia aos parentes, que tanto amava.