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O Racionalismo Cristão, por ser uma filosofia espiritualista, divulga princípios universais para que sejam estudados e, após a necessária reflexão, colocados em prática, tornando os seres humanos espiritualmente independentes.
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INTRODUÇÃO

100 anos do Racionalismo Cristão, fragmentos de uma bela história no Brasil


Os mais de dois milhões de anos registrados pelo homem primitivo, considerado ainda do gênero Homo, até dez mil anos atrás, o humano ser viveu praticamente da mesma forma.

Durante todo este tempo, colheu e caçou. Mudava de terreno sempre que os alimentos faltavam ou quando o clima tornava-se demasiado rude para ele e os 
animais que comumente caçava. Não roubava, pilhava ou fazia guerras, pois a terra era muito vasta, as tribos podiam deslocar-se livremente sem interferir noutros territórios.



As primeiras civilizações históricas surgem há apenas quatro mil anos; cujas origens remontam há aproximadamente dez mil anos, com o início da agricultura no Oriente, a domesticação e criação de animais e a vida em colônias permanentes.


Para estes fatos vieram juntar-se a escrita, no momento em que nossos antepassados começaram a moldar o seu próprio destino, ao invés da natureza.


Entre quatro mil e dois mil e quinhentos anos antes de Cristo, aparecem as primeiras civilizações urbanas na Mesopotâmia, Egito, Vale do Indo e China. Pouquíssimo tempo, portanto em relação aos três milhões de anos do nosso surgimento por aqui, porém momento talvez em que tivesse sido propício a descoberta de seus questionamentos interiores.


Infere-se que em um determinado momento na organização do ambiente, o homem chega à descoberta de seu mundo interior, onde o mesmo se encontra como Ser... Deste encontro surgem às questões sobre a alma, espírito e a mente!


A questão das origens do pensamento humano oferece mais mistérios que respostas. Perde-se no fundo dos séculos o momento, se é que houve um, em que se deu o início de algo parecido com uma história do pensamento humano.


Na impossibilidade de se saber até onde se pode recuar no tempo para o efeito da determinação desse início, o que se dispõe é de uma zona escura, feita de mitos e lendas, e da qual não se consegue sequer os primeiros fatos concretos.

Desde que a humanidade se conhece através das lendas, vencendo séculos e séculos, chegou-se até nós. Das tradições, passadas de geração em geração, se vieram perpetuando pelo tempo até os nossos dias; da história mutilada e manipulada, por vezes, conforme interesses nem sempre altruístas, cujas revoluções sociais despedaçaram  na inconsciência das suas ambições, mal nos deixando perceber a marcha da evolução humana, com sua pluralidade de formas de governo e religiões.


A Antropologia nota que através de gerações, encontram-se vestígios de uma crença, de uma convicção de vida terrena ser passageira, rápida e repleta de contratempos, geradores de sofrimento e que outra vida existe, eterna, cheia de venturas.


Através do tempo, nota-se que em todos os povos, ao mesmo tempo em que se ocupavam da parte material, servindo às necessidades da sua maneira densa e compacta de ser, satisfazendo às suas ambições, empenhando-se em batalhas terríveis, em que à parte animal, bestial, embotava-lhes todo o entendimento.

Lá no íntimo destes selvagens, quase irracionais, porém, existia a crença inabalável e firme de um ente superior e imortal, criando todas as coisas, dando vida a todos os seres, dirigindo e guiando todos os destinos do Universo.


A certeza de uma vida eterna dominava os povos e as raças de tal forma, que a idéia predominante  era colocar-se em contato com os deuses, com estas entidades superiores.

Os livros sagrados das diferentes religiões, bem como as historias dos povos atestam essa unidade de pensar.


A concepção destas entidades superiores varia muito, dando lugar a um emaranhado de filosofias, estabelecendo certa confusão nos que ansiavam pela verdade, sedentos de conhecimentos, aspirando alcançar na existência eterna, a felicidade que nesta vida lhes fugia.


É bem verdade que a maior parte das guerras entre nações, tiveram por causa a religião; cada qual acreditando no seu sistema querendo impô-lo aos outros, certos de que assim procedendo, estariam prestando um grande serviço ao seu deus, indo ao encontro de seus desejos e obedecendo aos seus comandos.


Não poucas vezes, aparições materialistas, de entidades superiores, confabulando com mortais, aconselhando, profetizando e deixando claro que a existência eterna é uma realidade, que o ser permanece integral e absoluto na sua essência, quando na vida fora da matéria organizada.


Exemplos não faltam; como a transfiguração de Jesus quando em oração no monte Olivette, acompanhado de dois dos seus discípulos; a aparição do Anjo, quando no horto, a materialização do seu espírito quando deixava o corpo; as curas extraordinárias que operava; também as aparições extraordinárias que fizeram de Joana d’Arc uma heroína e mártir; tudo isso além do que os livros das diversas seitas contam de casos extraordinários e que eram tidos até há pouco como mistificação ou como milagres, fatos sobrenaturais, são hoje possíveis de serem explicados como naturais, quando submetidos às Leis Gerais e que podem ser produzidos por humanos.


Passou-se, portanto, a idade dos milagres e tudo que não estiver de acordo com a razão e as Leis que regem fenômenos físicos, podem ser produto do fanatismo, da falta de conhecimentos, devendo ser rejeitadas por completo.


As manifestações ditas espíritas, há pouco mais de um século, começaram a produzir-se, primeiro espontaneamente e depois provocadas, embora ainda de forma inconsciente, sem método, sem norma, atabalhoadamente, chamaram a atenção de alguns eruditos que viram nessas manifestações extraordinárias, um vasto campo para experiências, mais para satisfação de vaidades do que no aprofundamento num acurado estudo e análise sobre suas origens.


A curiosidade, porém, levou alguns desses eruditos, como Sir Willian Crookes, Aksacoff, Walace e tantos outros a tentar uma infinidade de experiências, provocando manifestações físicas, materializações, transportes, etc. experiências que Willian Crookes nos fornece minuciosa conta em sua obra literária; sobre ele:


Willian Crookes nasceu em Londres, Inglaterra, no dia 17 de junho de 1832. Foi o maior químico da Inglaterra, segundo afirmativa de “Sir” Arthur Conan Doyle, o que ficou constatado pela trajetória gloriosa que esse ilustre homem de ciência desenvolveu no campo científico.


Mencionado como sendo um dos mais persistentes e corajosos pesquisadores dos fenômenos supranormais, desenvolveu importante trabalho na área da fenomenologia espírita.


No ano de 1855, Willian Crookes assumiu a cadeira de química na Universidade de Chester. A coroação do seu trabalho científico foi à descoberta do quarto estado da matéria, o estado radiante, no ano de 1879. Foram-lhe outorgadas várias medalhas pelas relevantes descobertas no campo da física e da química.



A rainha Vitória, da Inglaterra, nomeou-o com o mais alto título daquele país: “Cavalheiro”.


A par de todas as atividades, ocupou a presidência da Sociedade de Química, da Sociedade Britânica, da Sociedade de Investigações Psíquicas e do Instituto de Engenheiros Eletricistas.


Dotado de invejável fibra de investigador, acabou por pesquisar os fenômenos mediúnicos, a princípio, com o fim de demonstrar o erro em que incidiam os ditos “médiuns” e todos aqueles que acreditavam piamente em suas mediunidades.


Em 1869, os médiuns J.J.Morse e Sra. Marshall serviram de instrumento para que Crookes realizasse as suas primeiras investigações.



As mais notáveis experiências mediúnicas, levadas a efeito por esse ilustre cientista, foram realizadas através da médium Florence Cook, quando obteve as materializações do Espírito que dava o nome de Katie King, fato que abalou o mundo científico da época.


A jovem Florence Cook tinha apenas 15 anos de idade quando se apresentou a Sir Willian Crookes, a fim de servir de medianeira para as pesquisas científicas que vinha realizando.


São dela as seguintes palavras: “Fui à casa do Senhor Crookes, sem prevenir a meus pais e nem a meus amigos. Ofereci-me em sacrifício voluntário sobre o altar de sua incredulidade.” Ela pediu a proteção da Sra. Crookes e submeteu-se a toda sorte de experimentações, objetivando comprovar a sua mediunidade, pois que um cavalheiro, de nome Volckmann, havia lhe imputado suspeitas de fraude.


No dia 22 de abril de 1872, aconteceu, pela primeira vez, a materialização do Espírito Katie King, estando presente na sessão, a genitora, alguns irmãos da médium e a criada.


Após várias sessões, nas quais o Espírito Katie King se manifestava com incrível regularidade, a Srta. Florence afirmou a Willian Crookes que estava decidida a submeter-se a todo o gênero de investigações.


Na sua obra “Fatos Espíritas”, faz completo relato de todas as experiências realizadas com o Espírito materializado de Katie King, que não deixa dúvida quanto ao poder extraordinário que possui o Espírito de dar a forma desejada, utilizando a matéria física.


Numerosos cientistas de renome, mesmo diante dos fatos mais convincentes, hesitaram em proclamar a verdade, com receio das conseqüências que isso poderia acarretar aos olhos do povo. Crookes, porém, não agiu assim.


Ele penetrou o campo das investigações com o intuito de desmascarar, de encontrar fraudes, entretanto, quando constatou que os casos eram verídicos, insofismáveis, ele rendeu-se à evidência, curvou-se diante da verdade, tornou-se espírita convicto e afirmou:
- “Não digo que isto é possível; digo: isto é real!”
Willian Crookes desencarnou em 04 de abril de 1919, em Londres, Inglaterra.


Nenhum destes eruditos, porém, foi além do que viu e apalpou; nenhum procurou saber quais leis a que obedeciam tais fenômenos; não se dispuseram a aprofundar o mistério.

Várias hipóteses foram levantadas para explicar as manifestações como oriundas da matéria, filhas da vida anímica desprendida das pessoas que assistiam as experiências; a sugestão, a mistificação serviram aos incrédulos para várias explicações absurdas. Depois de tanto trabalho e esforço, não chegaram à explicação alguma.


Enquanto nas camadas científicas oficiais se tratava superficialmente deste assunto, querendo a força ver o invisível e apalpar o impalpável e apesar de conseguir esse resultado, não lhe deram a devida importância, nas camadas inferiores e ignorantes, o maravilhoso empolgava, seduzia, arrastava as massas, que se atiravam sedentas a experiências, provocando manifestações a torto e a direito, sem desconfiar do perigo que corriam.


Obtidos alguns resultados satisfatórios por intermédio dos espíritos, tal prática começou a ser explorada como meio de vida, a fim de satisfazer ambições, ganâncias, vícios e sob esse aspecto o espiritismo foi se propagando e também desmoralizando, pois se entregando a indivíduos ignorantes ao domínio destas forças inferiores, porque outras não podiam obter; ficaram por elas dominados, desaparecendo paulatinamente seu livre-arbítrio, vontade para predominar a partir daí, uma vontade estranha, transformando-os num joguete dos caprichos do astral-inferior; esta é à base do processo obsessivo.


As obsessões sucederam-se de tal forma que em pouco tempo os manicômios se encheram, porém a prática do dito espiritismo, mesmo considerada perniciosa, continuou, especialmente nas camadas mais baixas, sob direção de exploradores e onde até as altas classes freqüentavam as escondidas, servindo-se dos espíritos para se arranjar amantes, atirar cargas mortais  sobre desafetos, provocar desgraças, ruína financeira e física e saber segredos de terceiros; pois a tudo isso se prestam às forças ou espíritos que por ignorância, permanecem na atmosfera da terra desde a desencarnação.


O fato, porém, aí estava, rude, claro, cheio de perigos, porém trazendo a verdade, desnudando mistérios da criação, respondendo interrogações que através dos séculos ficaram sem resposta.


Era questão de aparecer alguém que, de boa fé, com uma vontade forte e uma moral relativa, desejasse romper com o convencionalismo social e se dispusesse  a investigar pacientemente as causas, cujos efeitos eram patentes.


Para a execução deste tópico, o autor utilizou-se das valiosas informações de Henrique Carlos sequeira, autor racionalista-cristão, contidas na obra intitulada O Meu Depoimento Sobre o Todo, através da biblioteca virtual do Racionalismo Cristão, além do Relatório do Espiritismo Racional e Científico Cristão, de 1917, de Luiz Thomaz.